sexta-feira, 30 de novembro de 2012

E Já Não Mais


Casualidade entreposta em vidas distintas
que se esbarram por uma livraria e trocam olhares.
Observam um ao outro de cima abaixo, analisando,
tirando conclusões - algumas até absurdas.

Dilaceram uma face em um beco escuro qualquer
pela falta de pagamento pela cocaína.
O submundo está lá fora, cômodo, mas inquieto.
Querendo manter-se em silêncio
e, ao mesmo tempo, gritar.

Um homem escreve em um caderno velho
sobre suas histórias inventivas, apenas uns contos.
Busca inspiração nas crianças correndo pela praça
que consegue ver da janela de seu pequeno apartamento.

Enquanto a música toca em seus fones de ouvido,
a jovem garota atravessa a rua sem muito olhar.
Arriscando-se em frente aos carros velozes,
distraída pela batida daquela velha canção.

Da livraria pode-se ver o carro aproximar-se da garota,
veloz, impiedoso, destrutivo.
O homem observa, incrédulo, 
a menina virar-se para ver o carro, já tão perto dela.
O traficante sai do beco e vê, ali, a poucos metros
a pequena jovem, sem vida.

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